quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Miami (4)



Não há alma cabocla que não se emocione diante de uma camisa polo do Ralf Lauren. O picaretoso designer norte-americano, que nunca desenhou uma roupa, desenharam pra ele.
Ralph Lauren criador da marca Polo, alias, era um vulgar vendedor judeu de gravatas de Nova Iorque. Como tinha uma habilidade louca para vendas, vendeu a si próprio, a sua imagem  de grande estilista. É fake, falsa. Mas o mundo engoliu. E Ralph ganhou bilhões de dólares. Mas o que interessa esta história para quem entra na Macys de Miami e ve as belas camisas Polo do Lauren que custam bem menos do que custam neste carríssimo Brasil, da Presidente autoritária, sem carisma e que ainda por cima, joga de novo o pais na recessão. Ainda olhei para cima ali na Ocean Drive, coração do distrito “Art Deco”, para admirar  aquelas belas e exóticas fachadas de dezenas de hotéis construídos nos anos 20 e 30. Ou será que eu também era  uma coisa “fake”, falsificada naquele momento. O homem errado no lugar errado, certamente. Porque nada me emocionava ali. Eu, também , um brasileiro que em três dias tinha testado ao Fiat 500, a convite da Fiat. Também tinha ido atrás das pechinchas de Miami. Comprei diversas camisas Polo do Tommy Hilfiger. Outro picareta que não é designer, que tem uma vasta equipe de jovens designers talentosos, que desenham as roupas para ele. Comprei várias camisas.  Porque, afinal, sou brasileiro e não estou acima do bem e do mal. Mas, sinceramente, se não estivesse em Miami a trabalho, a convite, seria o último lugar do mundo em que estaria. Porque tenho certeza de que viajar deve ser algo que enriquece  o espírito. Uma aventura humana diversificada , cultural, se possível. Em Miami, da South Beach  no luxo irreal do bairro de Ventura, onde fiquei hospedado no finíssimo Turnberry Island, não há nem uma coisa nem outra. Há latinos e compras. Os latinos em geral são os que movem a economia local, como empregados. E os turistas são aqueles que em sua grande maioria escolheram a porta mais próxima, fácil,  mas precária de entrada no mundo, esta vulgar Miami. Mas ao menos não é aquele Brasil que os aprisionou na carência financeira por décadas. Escapei desta sina por ser um jornalista que conheceu o mundo através da profissão. Se fosse através  da minha grana, talvez  estivesse ali naquele Shopping Center de Miami  balbuciando umas três palavras em inglês. Afinal o Brasil era até bem pouco tempo atrás o limite para os brasileiros. Agora, se esbaldam no turismo massificado. É uma saída, ao menos.  

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